O público feminino compõe a maioria dos brasileiros aptos a votar. Segundo dados divulgados recentemente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais de 82 milhões de mulheres devem comparecer às urnas no próximo dia 02 de outubro, o equivalente a 52,65% do total do eleitorado.
Esses números acompanham as estatísticas populacionais brasileiras. Conforme o primeiro teste nacional do Censo Demográfico 2022, divulgado em março deste ano pelo IBGE, as mulheres representam hoje 51,7% da nossa população.
Embora o número de mulheres seja maior tanto na base de eleitores quanto na população, elas ainda não ocupam uma posição de protagonismo quando analisamos seus direitos conquistados e sua representatividade. Por isso é tão importante que todas tenham consciência de seu papel transformador na sociedade e façam suas vozes serem ouvidas.
Para que isso ocorra, é fundamental comparecer, de fato, às urnas e escolher seus candidatos a presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Quando votamos em branco ou nulo, estamos delegando nosso poder de decisão a terceiros, que não sabem como pensamos, o que queremos e do que precisamos.
Também é fundamental conhecer os políticos em quem se pretende votar. Saber quem é a pessoa por trás da cédula. Seus feitos anteriores e suas propostas futuras. Há muitas pautas femininas a serem defendidas, como combate à violência doméstica, ao feminicídio e à cultura do estupro. Alguns desses temas já são criminalizados. Mas, no âmbito legislativo, é possível avançar ainda mais, por meio de emendas orçamentárias e projetos de lei, para oferecer maior proteção às vítimas, como aumento das punições, por exemplo.
À frente da Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários), tenho apoiado a campanha mundial “16 Dias de Ativismo Contra a Violência de Gênero”, e ações internas, ao lado da Comissão Organizadora “Mulher Valorizada, Comerciária Fortalecida”. Lutamos por bandeiras como a equiparação salarial de mulheres que atuam na mesma função e jornada dos homens, a instalação de novas creches às mães comerciárias, o fim do assédio moral e sexual no ambiente de trabalho, entre outras.
Como deputado federal, apresentei recentemente uma emenda à proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2023, que prevê a ampliação de políticas afirmativas de apoio à prevenção e combate à violência contra a mulher e à garantia de direitos delas. Essa proposta foi votada e aprovada pelo Congresso Nacional em julho e segue, agora, para sanção presidencial.
É inadmissível que, em pleno século 21, crimes contra essa população sigam em tendência de crescimento. Nos últimos meses, tivemos uma série de notícias chocantes nas mídias e nas redes sociais, como o da procuradora-geral de Registro (SP), agredida covardemente a socos e pontapés por seu colega de trabalho, e o da paciente que foi estuprada pelo anestesista dentro da sala de parto, em São João do Meriti (RJ).
É claro que mudanças profundas na sociedade não acontecem da noite para o dia. Para que notícias como as citadas deixem de existir, dependemos da conscientização e do engajamento de todos os cidadãos – inclusive dos homens – em prol de uma sociedade mais justa e equânime. Porém, juntas, as mulheres já formam um grupo decisivo, capaz de dar um importante passo nesse sentido. Que seja o ano delas.