Por: Luiz Carlos Motta08/08/2022

Tolerar é suficiente?


Estamos praticamente às vésperas das eleições e o clima de tensão entre eleitores está escancarado por todo canto do País. Um dos casos recentes, um assassinato brutal durante uma festa de aniversário, nos coloca em alerta e faz pensar se apenas “tolerar” é o suficiente.

Tolerar significa “aguentar algo com conformação e paciência; aceitar”, de acordo com os nossos dicionários. Percebo que uma parte dos brasileiros hoje não se respeita, apena “suporta” quem tem opiniões contrárias, pensa diferente ou acredita em determinada posição, seja política ou religiosa. Esse sentimento pode ser observado pela recente pesquisa divulgada pelo Instituto Locomotiva. Vejam só: de acordo com o levantamento, 7 em cada 10 brasileiros não conseguem dialogar com pessoas que possuem opiniões políticas contrárias.

As pessoas não estão conseguindo ou não querem conversar com quem tem opinião diferente sobre política. E falar sobre política é a base da democracia. Precisamos não só falar sobre esse assunto, como também propor, cobrar, participar das discussões, estudar, pesquisar.

Crimes brutais de intolerância como esse ocorrido no Paraná são inaceitáveis e não podem mais acontecer. Nosso país não vai suportar essa divisão extremista. Volto a dizer que está faltando mais do que tolerância: está faltando respeito entre as pessoas.

A democracia foi conquistada a muito custo no Brasil, e ainda é jovem, frágil, não podemos cair na tentação do autoritarismo. Toda vez que alguém impõe sua opinião para outras pessoas, seja na base do grito, da violência, da pressão, a democracia perde, as pessoas perdem, o País perde, oportunidades passam, vidas se vão.

O diálogo saudável e propositivo é e sempre será a melhor saída para entrarmos em união. Com respeito às opiniões, mesmo contrárias aos nossos princípios, conseguimos encontrar equilíbrio.

Sou presidente licenciado da Fecomerciários, a Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo, a qual são filiados mais de 71 sindicatos. São 2,5 milhões de trabalhadores impactados com nossas decisões. Para que as ações sejam realizadas, é preciso muito diálogo, respeito e atenção aos anseios da maioria. Algumas vezes a temperatura sobe, os ânimos ficam mais acirrados e enxergo isso como saudável. Temos que defender aquilo que acreditamos, mas jamais perder o controle, desrespeitar o outro e muito menos partir para as vias de fato.

Rogo a Deus que, nestas eleições, o respeito conquiste o espaço da intolerância, que o amor se imponha ao ódio e a paz impere sobre aqueles que anseiam pela guerra. Tenho fé que nós, o povo brasileiro, faremos as melhores escolhas e conseguiremos entrar novamente em união. O País não precisa ir para um lado ou para o outro, nós precisamos seguir o caminho do progresso. Não vamos perder tempo com aquilo que não constrói e não agrega. Estamos todos do mesmo lado, ao lado do Brasil e dos brasileiros.

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